Sobre pessoas e joaninhas

domingo, 11 de agosto de 2013


           Quando eu era menor, costumava viajar para a casa do meu avô a cada um ou dois meses. Meu avô mora em uma cidade pequena no interior de Minas, e a casa dele fica em um sítio. Uma das partes mais divertidas da viagem era quando eu e minha tia Maria íamos caçar joaninhas.  Não lembro direito quando isso começou, mas lembro que quando a tia Maria não me chamava, eu ficava  chamando a atenção da minha mãe para ela lembra-la da nossa caça rotineira.
           Tá, mas e aí Roberta ? Para quê caçar joaninhas ? Bom, parece meio contraditório, mas eu era encantada por aqueles bichinhos. Joaninhas são tão simples, frágeis, pequenas, bonitas e faziam cosquinha na minha mão. Era ótimo quando eu encontrava alguma com a carapaça diferente, um pouco mais colorida ou com outro desenho. Eu e a tia Maria colocávamos as joaninhas em um saquinho junto com alguma plantinha e eu levava para casa. Como já se pode adivinhar, elas não duravam muito, e a contradição está justamente no fato de que eu gostava tanto desses insetos e ainda assim colocava-os em um saquinho até morrer, apenas pelo prazer de observá-los.
            O que eu gostava mesmo era de fazer uma coleção dos bichinhos e trazer um pouquinho do mundinho deles para o meu. Durante a viagem eu já esquecia, e o saquinho de joaninhas perdia a graça. Acontece que às vezes a gente faz o mesmo com algo muito mais complexo: pessoas. Pode ser até inconsciente. Conhecemos alguém e nos encantamos com o jeito daquela pessoa. Às vezes esse alguém até nos surpreende com alguma mania diferente ou a atenção que falta no dia a dia. Aí pra não deixar esse alguém escapar de jeito nenhum, o colocamos em um saquinho. Sufocamos até o sentimento morrer e depois toda a história tem que ser simplesmente jogada no lixo.
            Quando o assunto é pessoas tudo isso toma uma dimensão enorme. Nosso erro está em tirar a liberdade daqueles que amamos por ciúmes ou sentimento de posse. Já tantos escritores nos alertam para que deixemos quem amamos livre ! Não existe motivos para desgastar algum sentimento que você admira por querer manter um outro mundo no seu. Deixe que as joaninhas vivam para que elas continuem colocando um pouquinho de beleza por onde forem. Ao contrário delas, as pessoas voltam, e se realmente for real, se importam o suficiente para que você não precise prendê-las em um saquinho.

Ps.: Como vocês viram, eu também gosto de escrever. Essa crônica já postei no meu tumblr e no blog da Nicole, espero que gostem hehe. Beijinhos <3

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