É verão

sábado, 17 de agosto de 2013


É verão, o dia está quente e ensolarado como deveria estar. Todos estão felizes, sorrindo, se divertindo. Tudo dentro dos conformes, tudo como deve ser.
Você está do meu lado, como sempre. Contando piadas, fazendo caretas, sorrindo e me fazendo sorrir. Me provocando, me irritando, me tirando do sério. Depois, sendo a pessoa mais doce do mundo até trazer um sorriso de volta pro meu rosto. Assim, sempre assim. Um ciclo vicioso.
Alguém liga o som e você volta àquela velha história de tentar me convencer de que as músicas que você gosta são melhores do que meu bom e velho rock and roll. Escuto e ignoro como aprendi a fazer depois de me cansar dessa discussão. Não há argumentos suficientes que mudem essa sua teimosia toda.
As garotas começam a dançar e você nunca se cansa de perguntar por que eu não as acompanho. “Não gosto de dançar, você sabe disso”, eu digo. E sua resposta é aquela frase clichê, que todos os nossos amigos sempre me dizem: “Você é muito anti-social.” Senta-se ao meu lado e me faz companhia pelo resto da festa. E depois a anti-social sou eu.
Num piscar de olhos alguns anos se passam e eu, mesmo estando de costas para a porta, ainda sou capaz de perceber que você chegou. “Eu não acredito que você ainda usa esse perfume”, exclamo, sem me virar. Você ri e responde: “E eu não acredito que você ainda lembra desse perfume.” Pois é, eu também não. Você me abraça forte e eu me pergunto como fui capaz de passar tanto tempo sem você por perto. O lugar está cheio de amigos, gente conhecida para todos os lados, mas eu só quero saber de você. O que tem feito? Por onde anda? Como está sua vida? Não sabia que sentia tanto a sua falta. As horas passam e nós já começamos a brigar, é inevitável. Dessa vez foi por eu ter recordado algo sobre seu passado, algo que você não gostaria de relembrar. Você logo começa a fazer cena, um dramático nato. E eu, finalmente, solto meu riso contido quando você diz que me odeia. Seu olhar te entrega, você seria capaz de me odiar. Te puxo pelo braço e te lembro de que sou a única capaz de lidar com tanto drama e mal humor juntos em uma só pessoa. E então você, relutante, diz: “E é por isso que eu te amo.”
Mais algum tempo se passa e agora é verão, o dia está quente e ensolarado como deveria estar. De novo. Mas agora você não me faz mais sorrir. Chego na sua casa e sua mãe parece mais feliz em me ver do que você. Seu abraço não é mais meu porto seguro em um dia ruim. Seu olhar não faz com que eu me sinta melhor. Você não é mais capaz de me fazer sorrir. Me divirto com nossos amigos mas sinto um vazio com a sua presença. Você está perto de menos e longe de mais. O dia segue calmo e eu sigo confusa. Eu sei o que está acontecendo aqui, só não entendo como as coisas chegaram a esse ponto.
Faz mais de seis meses que não nos falamos e até minha mãe já desistiu de perguntar pra mim sobre você. Confesso que hoje te exclui da minha lista de amigos em uma rede social e que não hesitei em apertar o enter para concluir minha ação. Esses sites são realmente pura ilusão. Que ideia, achar que nós ainda éramos amigos, de alguma forma, depois de tudo o que aconteceu.

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