Sobre ser alguém

sábado, 30 de novembro de 2013



“O que você quer ser quando crescer?” – a pergunta que nos assombra desde a infância. A diferença é que quando se é criança, a pergunta apenas acompanha um tom de curiosidade e real interesse em relação ao que você gosta e se interessa em fazer, e à medida que crescemos, a pergunta passa a ser carregada de cobranças e questionamentos.
Nunca tive muito foco e paciência para me apegar a uma coisa só na vida, e não era diferente quando me faziam a assombrosa pergunta. A resposta variava de acordo com meu humor, de acordo com o momento. Já quis ser professora, veterinária, – e que garota nunca quis? – artista, escritora, bombeira, médica, jornalista, astronauta, engenheira e por aí vai. Uma certeza sempre me acompanhou: eu queria ser mãe. Mas não era essa a resposta que as pessoas queriam quando me questionavam sobre meu futuro, embora fosse a única resposta sincera que eu tivesse a oferecer. As pessoas esperam uma resposta que lhes dê orgulho, esperam que você diga que quer ser presidente, ir à lua ou algo do tipo. Cabeças rolariam se sua resposta fosse “quero ser gari e manter as cidades limpas”. Emprego de extrema importância para a sociedade e extremamente digno, mas mal visto pelos pais e mães desse mundo afora.
E é aí que eu pergunto a mim mesma, aos dezoito anos: o que eu quero ser quando crescer?
Olha, não sei não, viu. Sinceramente.
Depois de muito pensar, pesquisar, questionar e imaginar, eu sei o que quero cursar na faculdade. Isso eu já sei. O que eu quero ser é algo muito amplo, as possibilidades são tantas. Mas se me perguntarem o que eu não quero ser, a resposta surge com mais facilidade.
Eu não quero ser como aquele cara cansado com uniforme de uma empresa qualquer que eu vi na padaria dia desses. Aquele cara que trabalha no famoso estilo “6 por 1” e mal passa tempo com sua família. Não quero ser como aquela mulher infeliz que vive às custas do marido e nem ao menos o ama mais, apenas mantém a mesma vida por comodidade. Não quero ser como as esposas que idolatram seus maridos e esquecem dos filhos ou, pior, as que pararam no tempo e acham “descolado” ser confundida como irmã de seus próprios filhos adolescentes. Não quero ser como aquele senhor que vive em função da quantidade de dinheiro que mantém, rejeitando oportunidades de ser feliz por não aceitar gastar o dinheiro que possui, vivendo uma vida de miséria enquanto seu dinheiro apodrece em um cofre qualquer de banco. Ou aquele outro senhor  que trocou de esposa e no meio do caminho acabou deixando seus filhos e netos para trás.
Se for mesmo para traçar um padrão de quem eu quero ser, eu digo que quero ser como a minha mãe, que troca qualquer dinheiro no mundo para estar com quem ama, que troca um dia de faxina por uma tarde jogando video game com seus filhos. Quero ser como meu pai, que batalhou a vida toda e nunca deixou faltar nada em casa, muito menos amor. Melhor ainda, quero ser como os dois juntos, que na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza, permanecem juntos por quase trinta anos. Quero ser como meus irmãos, que vivem suas vidas sem se preocuparem com o que os outros pensam, que correram atrás do amor, sem ligar para o que o mundo achava disso. Quero ser como minha família, que, apesar de todas as brigas e gritarias, mata e morre um pelo outro.
E ainda sim, quero ser como eu mesma. Mudando a cor do cabelo a todo momento, indo a shows de rock, falando o que penso, sendo até meio mal educada às vezes, – por que não? – acertando, errando mais ainda, mudando de opinião a cada cinco minutos. Quero ser essa metamorfose ambulante, como diria meu caro Raul.
Quero continuar achando que dinheiro não é o que mais importa, continuar confiando em meus princípios e valores. Quero trocar trabalho e salário por família e diversão. Quero mudar o mundo, nada de mais.
Sei que hoje, se me perguntarem que carreira quero seguir, direi que quero ser arquiteta, que quero criar, dar vida a sonhos. Mas se me perguntarem o que eu quero ser, minha resposta será um terrível e sincero clichê: quero apenas ser feliz.

Aos professores

terça-feira, 15 de outubro de 2013




O dia do professor, comemorado todo dia 15 de outubro, foi criado devido o decreto federal 52.682/63, em que D. Pedro I determinou, no ano de 1827, que toda vila ou cidade do Brasil criasse as primeiras escolas primárias do país, as chamadas “Escolas de Primeiras Letras”.
Hoje, 15 de outubro, é dia daqueles que ganham alguns cabelos brancos a mais, alguns dias estressantes e um pouco de voz a menos por nossa causa. Mas que não desistem de seu verdadeiro propósito: ensinar.
Ensinar a escrever, ensinar a ler, ensinar a produzir um texto, a achar o x, o y e o z. Ensinar com paciência, dedicação e amor pelo que fazem.
Como a maioria das meninas, já sonhei em ser professora. Hoje em dia, desisti dessa ideia, mas o que restou desse sonho da minha infância é a eterna admiração que tenho por essa profissão.
Muitos professores passam por nossas vidas, de todos os tipos. Dos mais rigorosos aos mais divertidos. Tem aqueles que explicam a matéria de forma dinâmica e descontraída, outros são mais fieis aos livros didáticos e aos métodos antigos. Alguns falam alto, são expansivos e inquietos, outros são mais calmos e falam baixo, dependendo sempre da atenção total da sala para serem compreendidos. Tem os engraçados, os sérios, os altos, os baixos, os mais velhos e os mais novos. Tem aqueles que a sala inteira detesta (normalmente são os que eu, particularmente, mais gosto) e aqueles que todos veneram (normalmente, esses são os que menos me acrescentam). Cada professor é de um jeito, assim como cada aluno. Por isso, cabe a nós respeitá-los e agradecer por eles possuírem a coragem de escolher uma profissão tão desafiadora (até os que não gostamos muito). Afinal, o que seriam dos engenheiros, biólogos, arquitetos, médicos, se não houvessem professores? Não muito. Por trás de todo grande profissional existem os ensinamentos de, pelo menos, um grande professor.
Por isso, hoje eu gostaria de agradecer aos meus professores. Desde minha primeira professora, Laureani, lá da pré-escola, até os meus professores do terceiro ano do ensino médio, que me aturam todos os dias. Dos professores que eu não gosto, até os professores que, mesmo não dando mais aulas para mim, me param nos corredores para conversar sobre a vida – esses que viraram amigos além de mestres. Obrigada, de coração. Por tudo que acrescentaram e acrescentam em minha vida.
E um feliz dia dos professores a todos os mestres. Os meus, os que são, os que já se aposentaram e os que ainda vão ser. Feliz 15 de outubro a todos.

(Texto dedicado, especialmente, à minha cunhada, Isabelle, professora de inglês e estudante de letras e aos meus favoritos: Professores Antonio, Fabiano, Cléverson, Alison e Rangel, professoras Mariana e Cibele)

Um dia sem você

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Entro em casa, deixando a porta bater atrás de mim. Tiro o all star do pé e arremeço o longe. Quando precisar dele de novo descubro onde caiu. As meias, já quentes no pé, marcam meus passos com suor pelo piso escuro da sala, fazendo um rastro até a cozinha. Pego um copo d’água e continuo meu caminho até o quarto, onde, mais uma vez, deixei a tv ligada no canal de esportes. Irônicamente, desligo assim que chego por lá.
Ligo o computador, aperto o play na música que estava ouvindo antes de sair e checo a caixa de emails. Propagandas, coisas que apagarei sem abrir, mais propagandas. Nada. Ou melhor, tudo, menos você. Checo o celular, o facebook, a secretária eletrônica. Nada. Nenhum sinal de você.
Levo o copo de água, ainda cheio, de volta para a cozinha, com o estômago doendo. Borboletas, gafanhotos e joaninhas fazem festa aqui dentro. Cadê você pra me salvar? Me sinto tão dependente que chega a ser patético. Mas foi você quem me fez ser assim, esqueceu? Pois eu me lembro bem de cada café na cama, jantar e surpresa. Cada mimo seu.
Desligo a música do quarto depois de checar, mais uma vez, cada tecnologia possível em que você poderia ter me procurado. Procuro algo para assistir na tv da sala e, sem sucesso, apelo para o aparelho de dvd. Mais borboletas ao ver o dvd da sua banda favorita começar a tocar na minha sala. Você tinha mesmo que ser tão esquecido não é? Agora cada canto da casa tem um pedaço de você.
Na sala, a música, a sua favorita. No quarto, sua blusa, a minha favorita. Na cozinha, os ingredientes que você comprou para cozinhar algo novo e não usou. No banheiro, a toalha jogada no chão. Você nunca foi capaz de estendê-la, não seria logo após a nossa pior briga que você lembraria de tirá-la do chão. Não antes de me deixar, batendo a porta da minha casa, que sempre foi tão minha quanto sua.
Eu, que sempre fui tão sua quanto minha. Talvez, até mais sua.
Desligo o dvd, olho ao redor na procura de alguém que me aponte a direção, me diga o que fazer e como agir. Mas estou só agora. Só eu e aquela flor estúpida que você me deu. A pobrezinha não tem culpa de nada, mas me lembra tanto você. Honestamente, até as paredes me lembram você. As paredes que pintamos juntos e nos pintamos junto. Ainda tem uma marca de tinta de cor diferente no canto inferior direito da sala, aquela que fiz por ser tão desastrada e esbarrar na lata que estava aberta no chão. Terminamos aquele dia cobertos de tinta dos pés à cabeça.
Desabo no sofá, desconsolada. Puxo a mesa de centro com os pés até alcançar o controle do video game. Aperto o botão para ligá-lo e tento me distrair com as cores na tv. Ter que escolher o modo “single” depois de jogar no “multiplayer” por tanto tempo me faz perder a vontade de jogar. Outra hora eu encaro isso, agora não.
Desligo tudo e vou para o quarto em busca de uma toalha. Hora de um banho. Uma desculpa para chorar sem fazer muito barulho. As gotas vão caindo e molhando meu corpo aos poucos. As gotas, do chuveiro e dos meus olhos. Me seco e volto para o quarto. O celular apita e meu coração dispara. Uma mensagem recebida.
“Você ainda quer me ver?” é o que eu desejaria ter lido. Mas não, só mais uma mensagem da operadora. Eu sei exatamente o quanto eu tenho de créditos, já pode me deixar em paz agora.
Meu estômago dói mais. Não sei se é falta de almoço ou de você. Sigo até a cozinha, por via das dúvidas. Decido pelo pote de sorvete ao invés do almoço que deixei pronto ao sair. Você, com certeza, me daria uma bronca por pular uma refeição. Mas você não está mais aqui para isso, não é? Para isso, para me ajudar a arrumar a casa, jogar video game, rir e sorrir. Para assistir filme, cozinhar e discutir futebol. Para isso e todo o resto.
O que restava do sorvete já não resta mais. Mas ainda me sinto vazia. O estômago não dói tanto quanto antes, mas uma ou duas borboletas ainda estão aqui dentro. Organizo a bagunça em cima da pia e deixo a cozinha.
Na sala, reparo que sua coberta escorregou para detrás do sofá. Resgato a coitada e me sinto entorpecida pelo seu cheiro que exala dela. Deito no sofá maior, esticando as pernas e me acomodando ao máximo, enrolo a coberta em mim e permaneço imóvel. Já não me importa o silêncio ao redor, que eu normalmente detesto. Me envolvo em seu cheiro e adormeço por ali mesmo.
Desperto em um pulo. O interfone tocando. Deve ser o Seu Joaquim, querendo saber se o aquecedor do chuveiro voltou a funcionar. Sempre tão gentil e agora me despertando de um sono tão aconchegante.
Tropeço em tudo pelo caminho e me agarro ao interfone, atendendo com a voz sonolenta:
           - “Alô?”
E do outro lado da linha, só escuto uma voz roca, dizendo:
            - “Você ainda quer me ver?”





Playlist especial

quinta-feira, 29 de agosto de 2013



Olá gente ! O blog está bem desatualizado por causa das aulas e projetos meus e da Gabi, mas hoje vim trazer a playlist de sexta de um jeito bem diferente: décadas de 40, 50 e 60. Fui pesquisar algumas músicas para um trabalho de escola e curti tanto a pesquisa que resolvi trazer aqui para vocês. Espero que vocês se divirtam tanto quanto eu <3

Década de 1940


Década de 1950


Década de 1960


E para terminar, mais um cover meu :b hehe



Livros que eu quero ler

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

                Nesses últimos meses ando passando várias vontades de livros, mas desde quando percebi como eu estava atrasada em relação às leituras para o vestibular, resolvi que não iria mais ler livros aleatórios até as provas terminarem. Vim aqui hoje então montar uma listinha dos livros que quero ler/reler. Lembrando que falarei apenas coisas que lembro sobre os que li e o que ouvi falar sobre os que não li, e não farei uma resenha. Vamos lá.

Pollyana


Pollyana eu li quando era bem pequena (não lembro direito a idade, mas acho que tinha uns 8/9/10 anos). Minha mãe tinha alguns livros bem antigos aqui em casa, e no meio deles estava Pollyana e Pollyana moça. Eu inverti a ordem e li Pollyana moça primeiro hehe, fiquei apaixonada pela história. O Pollyana, que é a história de quando ela era criança, eu não terminei de ler. Pollyana é uma garota criada por sua tia, e transforma a vida das pessoas que conhece com seu jogo do feliz. Esse jogo é uma brincadeira que ela faz encontrando coisas boas em cada coisa que acontece, inclusive as ruins. A história é realmente linda demais, e é um dos livros que eu acho que TODOS deveriam ler ! Quando mudamos de casa minha mãe deu fim em alguns livros (eu fiquei muito brava) e não encontramos mais nenhum dos dois para eu ler novamente. Esses dias fui fazer uma pesquisa e descobri que existem mais onze livros depois do Pollyana moça, inclusive escritos por outros autores. Tem filmes também. Fiquei bem curiosa, e definitivamente é uma das primeiras coleções que procurarei assim que estiver livre.

A esperança


Terminei Jogos vorazes no meio do ano passado, logo depois li Em chamas e até agora não comecei A esperança. Acontece que os dois livros eu baixei para ler no celular (eu leio bem mais rápido quando estou pelo celular rs) e quando terminei o segundo da trilogia fiquei SUPER curiosa para ler o terceiro, mas não comecei. É mais um que está pendente na minha listinha.

Para salvar uma vida


Esse eu li no começo do ano. Quando eu era menor, na outra escola vivia pegando livros na biblioteca. Pegava dois por semana, e devorava os livros. Confesso que fui perdendo esse interesse, então quando encontro um livro assim, que me faz querer ler tudo o mais rápido possível, fico muito feliz. Além disso, o Para salvar uma vida é o tipo de livro que me fez realmente repensar minhas atitudes, e isso não é uma coisa muito normal de acontecer hehe. É a história de um garoto que tem sua vida virada ao avesso quando seu amigo de infância (que ele passou a ignorar) se suicida. O início do livro foi meio assustador para mim, mas a história é linda. É outro livro que eu saio recomendando para meio mundo. Eu não assisti o filme, então não sei dizer se é melhor do que o livro. Mas posso dizer que o livro vale MUITO a pena, e eu vou reler assim que puder.

A seleção


Vi esse livro em uma resenha de um blog esses dias. Gostei bastante da história, que pelo que entendi é sobre uma sociedade futurista, porém divididas em castas. Uma garota é apaixonada por um garoto de uma casta inferior, o que torna o romance difícil. Além disso, essa garota é selecionada para ser uma das garotas que são apresentadas para o futuro rei do país escolher sua esposa.
                Esses dias estava na aula, quando olho na carteira de uma colega e vejo um livro que me lembra sobre o A seleção. Comentei com ela que estava querendo ler um que tinha uma capa parecida e ela me disse que o que estava lendo era a continuação. Ainda me disse que tinha o A seleção e que se eu quisesse me emprestava. Tive que resistir à tentação hehe, mas só por enquanto.

De volta aos quinze


Acompanho há muito tempo o blog da Bruna Vieira, e sempre admirei o trabalho dela. Quando seu primeiro livro, Depois dos quinze estava em pré venda na saraiva eu já comprei rs. Amei. O livro tem várias crônicas e textos dela que eu amo e me identifico muito, e dois contos ótimos. Esse segundo livro é um romance, e também já está em pré venda. Não sei se pra esse vou conseguir esperar tanto rs. Aqui no blog Depois dos quinze a Br fez um post sobre: http://www.depoisdosquinze.com/2013/08/13/bastidores-de-um-sonho-e-mais-um-livro/


A lista não está tão longa, mas são livros que eu realmente quero muito ler/reler. Espero que também gostem. Beijinhos e até a próxima ^^

É verão

sábado, 17 de agosto de 2013


É verão, o dia está quente e ensolarado como deveria estar. Todos estão felizes, sorrindo, se divertindo. Tudo dentro dos conformes, tudo como deve ser.
Você está do meu lado, como sempre. Contando piadas, fazendo caretas, sorrindo e me fazendo sorrir. Me provocando, me irritando, me tirando do sério. Depois, sendo a pessoa mais doce do mundo até trazer um sorriso de volta pro meu rosto. Assim, sempre assim. Um ciclo vicioso.
Alguém liga o som e você volta àquela velha história de tentar me convencer de que as músicas que você gosta são melhores do que meu bom e velho rock and roll. Escuto e ignoro como aprendi a fazer depois de me cansar dessa discussão. Não há argumentos suficientes que mudem essa sua teimosia toda.
As garotas começam a dançar e você nunca se cansa de perguntar por que eu não as acompanho. “Não gosto de dançar, você sabe disso”, eu digo. E sua resposta é aquela frase clichê, que todos os nossos amigos sempre me dizem: “Você é muito anti-social.” Senta-se ao meu lado e me faz companhia pelo resto da festa. E depois a anti-social sou eu.
Num piscar de olhos alguns anos se passam e eu, mesmo estando de costas para a porta, ainda sou capaz de perceber que você chegou. “Eu não acredito que você ainda usa esse perfume”, exclamo, sem me virar. Você ri e responde: “E eu não acredito que você ainda lembra desse perfume.” Pois é, eu também não. Você me abraça forte e eu me pergunto como fui capaz de passar tanto tempo sem você por perto. O lugar está cheio de amigos, gente conhecida para todos os lados, mas eu só quero saber de você. O que tem feito? Por onde anda? Como está sua vida? Não sabia que sentia tanto a sua falta. As horas passam e nós já começamos a brigar, é inevitável. Dessa vez foi por eu ter recordado algo sobre seu passado, algo que você não gostaria de relembrar. Você logo começa a fazer cena, um dramático nato. E eu, finalmente, solto meu riso contido quando você diz que me odeia. Seu olhar te entrega, você seria capaz de me odiar. Te puxo pelo braço e te lembro de que sou a única capaz de lidar com tanto drama e mal humor juntos em uma só pessoa. E então você, relutante, diz: “E é por isso que eu te amo.”
Mais algum tempo se passa e agora é verão, o dia está quente e ensolarado como deveria estar. De novo. Mas agora você não me faz mais sorrir. Chego na sua casa e sua mãe parece mais feliz em me ver do que você. Seu abraço não é mais meu porto seguro em um dia ruim. Seu olhar não faz com que eu me sinta melhor. Você não é mais capaz de me fazer sorrir. Me divirto com nossos amigos mas sinto um vazio com a sua presença. Você está perto de menos e longe de mais. O dia segue calmo e eu sigo confusa. Eu sei o que está acontecendo aqui, só não entendo como as coisas chegaram a esse ponto.
Faz mais de seis meses que não nos falamos e até minha mãe já desistiu de perguntar pra mim sobre você. Confesso que hoje te exclui da minha lista de amigos em uma rede social e que não hesitei em apertar o enter para concluir minha ação. Esses sites são realmente pura ilusão. Que ideia, achar que nós ainda éramos amigos, de alguma forma, depois de tudo o que aconteceu.

Sobre pessoas e joaninhas

domingo, 11 de agosto de 2013


           Quando eu era menor, costumava viajar para a casa do meu avô a cada um ou dois meses. Meu avô mora em uma cidade pequena no interior de Minas, e a casa dele fica em um sítio. Uma das partes mais divertidas da viagem era quando eu e minha tia Maria íamos caçar joaninhas.  Não lembro direito quando isso começou, mas lembro que quando a tia Maria não me chamava, eu ficava  chamando a atenção da minha mãe para ela lembra-la da nossa caça rotineira.
           Tá, mas e aí Roberta ? Para quê caçar joaninhas ? Bom, parece meio contraditório, mas eu era encantada por aqueles bichinhos. Joaninhas são tão simples, frágeis, pequenas, bonitas e faziam cosquinha na minha mão. Era ótimo quando eu encontrava alguma com a carapaça diferente, um pouco mais colorida ou com outro desenho. Eu e a tia Maria colocávamos as joaninhas em um saquinho junto com alguma plantinha e eu levava para casa. Como já se pode adivinhar, elas não duravam muito, e a contradição está justamente no fato de que eu gostava tanto desses insetos e ainda assim colocava-os em um saquinho até morrer, apenas pelo prazer de observá-los.
            O que eu gostava mesmo era de fazer uma coleção dos bichinhos e trazer um pouquinho do mundinho deles para o meu. Durante a viagem eu já esquecia, e o saquinho de joaninhas perdia a graça. Acontece que às vezes a gente faz o mesmo com algo muito mais complexo: pessoas. Pode ser até inconsciente. Conhecemos alguém e nos encantamos com o jeito daquela pessoa. Às vezes esse alguém até nos surpreende com alguma mania diferente ou a atenção que falta no dia a dia. Aí pra não deixar esse alguém escapar de jeito nenhum, o colocamos em um saquinho. Sufocamos até o sentimento morrer e depois toda a história tem que ser simplesmente jogada no lixo.
            Quando o assunto é pessoas tudo isso toma uma dimensão enorme. Nosso erro está em tirar a liberdade daqueles que amamos por ciúmes ou sentimento de posse. Já tantos escritores nos alertam para que deixemos quem amamos livre ! Não existe motivos para desgastar algum sentimento que você admira por querer manter um outro mundo no seu. Deixe que as joaninhas vivam para que elas continuem colocando um pouquinho de beleza por onde forem. Ao contrário delas, as pessoas voltam, e se realmente for real, se importam o suficiente para que você não precise prendê-las em um saquinho.

Ps.: Como vocês viram, eu também gosto de escrever. Essa crônica já postei no meu tumblr e no blog da Nicole, espero que gostem hehe. Beijinhos <3






Design e código feitos por Julie Duarte. A cópia total ou parcial são proibidas, assim como retirar os créditos.
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